Part Alpha - Lost Fragments ~ Quando plantamos amor, o que colhemos?



Durante toda a vida, um enigma em minha mente sempre foi sobre colher apenas o que plantamos, pois esta expressão sempre foi verdadeira quando se tratavam de plantações ou algo do gênero.



Sempre acreditei que, o que a gente faz em relação aos outros, também voltaria pra nós mesmos como uma 'colheita' de algo que plantássemos. Não que eu esperasse algo em troca, mas pensava que talvez funcionasse assim quando se trata de reciprocidade. Sempre pensei em fazer o melhor para as pessoas, justamente por amá-las! Isso, pra mim, já seria motivo de sobra pra fazer tudo bem feito e como se fosse pra mim, ou melhor, como se fosse pra Deus [foi assim que me ensinaram quando criança], tudo bem caprichado e sem murmurações.

Já apanhei muito por confiar demais nas pessoas e também por ajudá-las sem me importar com o que eu queria ou podia fazer, justamente porque, quando o inverso acontecia [a pessoa fazer algo por mim] não era bem assim, elas se importavam tanto com o esforço que faziam, que reclamavam o tempo todo ou faziam mal feito.


Isso é bem suportável, afinal, ninguém te ama como Deus e, hoje em dia, nem todos que dizem "eu te amo", sabem realmente praticar o que estão dizendo.

Amor e confiança andam juntos, mas por plantar amor e confiança, o que colhemos?

Parece que o mundo está se tornando incapaz de amar, de manter um amor verdadeiro, e, entenda que não falo apenas de amor homem x mulher. Amizades são desfeitas por tão pouco, pessoas brigam por tão pouco, pais contra filhos, bem dizia o profeta que, nos últimos tempos os inimigos dos homens seriam os da sua própria casa, enquanto outros se tornariam caluniadores, difamadores, sem amor...

Por plantar amor, já recebi feridas que talvez sejam incuráveis. Por confiar demais, já começo a perder esperanças em 'tentar outra vez'.

Não existe isso de "Perdoar e esquecer", pois quando nos machucamos, quanto mais profunda a ferida, maior é a marca que fica em nosso corpo e, por mais que você perdoe quem a provocou, ela continua lá, a cicatriz continua em um lugar onde você possa ver, justamente pra que você seja mais cuidadoso quando alguém tentar tocar naquele ponto outra vez.

Somos frágeis, somos falhos e muito fracos, nossas vidas podem desaparecer num segundo, mesmo que não haja motivos, e mesmo assim insistimos em brigar por coisas inúteis. "Quando 'tocam no meu queijo' eu viro uma fera!", "Quando falam de dinheiro eu não posso sair perdendo!", "Eu sempre trabalhei mais do que você pra manter essa casa!", "Eu sempre fiz e você nunca reconheceu!", "EU faço", "EU fiz", "EU, EU, EU"... 



A maiores brigas que já vi começam por motivos irrelevantes, mas se tornam grandes confusões porque nenhum dos lados está disposto à 'baixar a guarda primeiro'. E, mesmo quando um dos lados cede, muitas vezes o orgulho é grande demais pra que o outro lado também resolva ceder. Aquele velho ditado de que: "Quando um não quer, dois não brigam" também passa a ser mentira, acredito que seja mais assim: "Quando um não quer, mesmo em meio à uma confusão, ele não briga"

Mas e se parássemos pra pensar no que falamos? Pensar em nossas palavras e como soam para aqueles que as ouvem, como seria? Como você mesmo se sentiria ao ouvir as palavras que você diz aos outros?
"A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira." Provérbios 15:1
E se nos colocássemos no lugar do outro, só por um instante, pra entender o que o levou à fazer aquilo? Se parássemos de pensar no EU e pensássemos no outro... espere... pensar no outro? Pensar no outro  como se pensasse em mim mesmo? Amar ao próximo como a ti mesmo?... Se fizesse isso estaria apenas cumprindo metade do que Jesus nos ordenou. (Mt 22:37-40)

E isso se torna uma verdadeira espada afiada em ambos os lados, pois, do mesmo modo que tenho de ser cuidadoso ao lidar com o meu próximo, também devo estar pronto à perdoá-lo por não lidar cuidadosamente comigo. Isso é amar...



Sei que não é fácil ouvir certas coisas de pessoas a quem amamos. Sei, também, que a ira arde amargamente quando alguém que amamos nos fere, a dor se converte em ira e é difícil virar a outra face.

Mas lembremos disto: Oferecer a outra face não é apenas mais um mandamento, mas é o cumprimento de metade da Lei do Amor que Jesus nos ordenou.

Deixemos de agir com imaturidade, a vida é curta demais pra perdermos tempo com isso.

Não precisamos de reconhecimento pra saber que fizemos a coisa certa, pois O Maior dos homens morreu reconhecido como ladrão e pecador, para salvar toda a humanidade.

[Édipo Hikari]





Comentários

  1. Lindo e cheio de verdades. Aliás, lindo porque é cheio de verdades. Só não gostei da frase: "Por confiar demais, já começo a perder esperanças em 'tentar outra vez'." Isso não parece vindo de você, não.
    Pequeno, Shu Hikari, pode continuar acreditando que tudo que plantamos, nós colhemos. E isso não é só nas plantações. Talvez, ao oferecer uma amizade verdadeira a alguém, somos surpreendidos por uma traição. Mas, um belo dia, Deus põe em nosso caminho um amigo fiel. Isso significa que a recompensa às vezes não venha da mesma pessoa para a qual oferecemos amor, mas de outra que encontramos em seguida. Temos que estar atentos: a vida tem sempre algo de bom para nos oferecer!

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  2. Verdade, acabei expressando mais a dor do que a resolução.

    Mas é verdade, de tanto confiar acabamos por sentir muita dor a tentar denovo, mas você está certa, não é algo 'de mim', porque não desisti das pessoas ^_^

    Obrigado pelo carinho

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