Chronicles of The Never Ending Valley - Cap 8 A Borboleta em Chamas

Este é o capítulo 8, para ler desde o princípio, clique aqui.



Trilha sonora [opcional dinovu xD]

Quando caminhamos com alguém desconhecido, muitas vezes pensamos o tempo todo se devemos ou não confiar. Principalmente quando este alguém, entra em seu caminho por um motivo que ambos desconhecem, e se torna obrigado a caminhar contigo. Mesmo não confiando um no outro, sabíamos que deveríamos nos ajudar mutuamente. Um fardo difícil pra alguém que acaba de conhecer em circunstâncias tão complexas.

- Bom, você sabe meu nome, seria uma falta de respeito eu perguntar o seu? - tentei iniciar uma conversa
- Sem intimidades, meu caro, não confio em você. - respondeu a garota, com um tom meio amargo
- Mas fomos forçados à estar juntos, acredito que ao menos eu deva saber como me dirigir à você.
- Nossa, como você é chato! Me chame de Cleo e outra coisa, ande mais e fale menos! Quando chegarmos ao abrigo eu te conto o que ainda não sabe! 


Após responder assim, ela permaneceu em completo silêncio durante todo o caminho e, como eu sabia que a casa de Ohtto estava distante, procurei um lugar para que pudéssemos passar a noite em segurança. Alguma caverna ou um aglomerado de árvores já era o suficiente para podermos dormir tranquilamente. Eu também precisava de qualquer coisa que pudesse servir como arma, afinal, aquela parte dos vales foi onde encontrei pela primeira vez o Pawn, um grande lobo azul. De todas as criaturas, eu temia mesmo era que Hobbes  aparecessem por ali, pois desarmado eu não poderia fazer nada.

- Ali, uma pequena caverna, entre as rochas. Poderemos passar esta noite ali para nos protegermos, pois ainda estamos na metade do caminho. O que acha Cleo? - perguntei
- Já que não temos outra escolha, que seja! 

Achei vários gravetos no chão e comecei a apanhá-los para usar como lenha dentro da caverna, enquanto Cleo entrou. Enquanto apanhava os gravetos, pensava em algum motivo que pudesse levá-la a me tratar daquela maneira, afinal, foi a primeira vez que nos encontramos e ela parecia saber muito ao meu respeito. O sol já estava se pondo e o frio da noite começava a cair. O clima estava mais frio do que o de costume e, por algum motivo, eu me sentia apreensivo, como se algo de ruim estivesse prestes à acontecer.

Em pouco tempo, estávamos dentro da caverna, com bastante folhas no chão, para nos aquecermos e o fogo aceso. Cleo continuava sem dizer uma palavra, apenas concordava com o que eu fazia e continuava, como se estivesse pensando em algo o tempo todo. Talvez pela minha ingenuidade ou pela minha preocupação com ela, eu acabei ficando um pouco vulnerável, ao não perceber que estávamos sendo seguidos. Eu disse à Cleo que ficaria de vigia a noite toda, que ela não precisaria se preocupar, mas ela mesma não deu muita importância pra isso e logo adormeceu. 

Enquanto Cleo dormia, eu caminhava próximo à entrada da caverna, procurando algo que pudesse servir de arma, enquanto farejava nosso perseguidor. Embora eu não soubesse por que ou quando eu adquiri esta habilidade de farejar, eu gostava de contar com ela, pois realmente era útil. O cheiro que senti era familiar, como se eu conhecesse a pessoa, mas eu mesmo não me atrevia à contar com aquele palpite. 

Meu pensamento foi interrompido por um clarão no meio do vale, seguido por um cheiro de fumaça bem forte. Logo percebi que era o mesmo cheiro que senti quando Higgs me sufocava com um tipo de fumaça que ele controlava. Apanhei algumas pedras e rapidamente me camuflei entre algumas rochas escuras perto da caverna. Não demorou muito pra que o cheiro do nosso misterioso perseguidor também desaparecesse. "Deve estar escondido também", imaginei. 

De longe, avistei uma silhueta de um homem alto, rodeado por fumaça, seguido por mais dois outros homens. Todos cheiravam à fumaça e caminhavam em silêncio. De repente um deles avista a caverna, sinaliza pros outros dois e vem em direção à entrada, enquanto os outros pegam outro rumo e somem no meio do vale. 

Ele entrou rapidamente na caverna, ali eu já não tinha mais dúvida, era definitivamente Higgs. Peguei algumas pedras grandes e entrei atrás dele, mas, em questão de segundos, a caverna já estava repleta de fumaça, ofuscando minha visão. "Tenho que proteger Cleo!", era o que eu pensava. Sem conseguir enxergar e com toda aquela fumaça, eu não tinha muita opção do que fazer. Subitamente fui surpreendido por um sentimento estranho, que fez meu coração disparar. Olhei imediatamente pra trás...

O Pawn havia se aproximado em silêncio, já estava tão próximo que nem tempo de pensar em me esconder eu tinha. Olhei atentamente em seus olhos azuis, ele realmente não parecia ser um lobo, e, por alguma razão inexplicável, seu olhar me acalmou ao invés de amedrontar. Ele saltou sobre minha cabeça, em direção ao centro da caverna e desapareceu na fumaça. Sem pensar duas vezes, corri na mesma direção e logo reparei que estava no centro da caverna, onde Cleo adormecera.

- Ora ora! Se não é Pawn, meu cãozinho azul favorito! - ouvi a voz de Higgs em um tom irônico
- ME SOLTEM IMBECIS! - era a voz de Cleo gritando

Naquele momento, eu percebi que conseguia identificar o cheiro de Cleo em meio à fumaça e fui em sua direção, ao perceber que a voz de Higgs e o som do Pawn rosnando vinham da outra direção, imaginei que minha luta agora, seria contra os dois servos de Higgs. Ao correr na direção de Cleo, rapidamente estava fora da caverna, só que na direção oposta à que entramos, os dois haviam entrado por trás da caverna para nos surpreender.

Ao sair da caverna, um dos servos de Higgs segurava Cleo pelo pescoço, enquanto o outro parecia estar me esperando, olhou pra mim e logo disse:
- Hey Shawn, olha quem foi atraído pra fora da caverna, hehehe! 
- Soltem ela! - exclamei
- Solte ela Shawn! O garoto vai se enfurecer ahhahahahah! - respondeu em tom irônico

Naquele momento eu perdi o controle de minhas emoções, o ódio invadiu meu coração, combinado com a frustração de ter perdido meus amigos em uma estratégia que eu mesmo havia planejado, encheram meu coração de ira, porque eu não queria perder outra pessoa.

O vento começou a se mover suavemente ao redor dos dois inimigos, enquanto eu sentia meu coração acelerando cada vez mais. 

- SOLTEM ELA! - exclamei mais alto
- Flare, não brinque com ele. Acabe logo com isso, estou com um mau pressentimento.
- Está com medo Shawn?  Então observe...

Ele olhou nos meus olhos e incendiou suas mãos, estendendo-as em minha direção. O vento ficou mais forte e nos circundava, enquanto o fogo nas mãos de Flare aumentavam.

- Cuidado Flare! Não sabemos do que ele é capaz! - exclamou Shawn atemorizado

Flare, então, lançou suas chamas em minha direção com bastante força. "É o meu fim...", pensei. Por algum motivo que não sei explicar, o vento que nos circundava ficou denso e parou as chamas antes que pudessem me atingir, ficando concentradas bem na minha frente. Rapidamente, Flare, surpreso, conjurou outra vez as chamas, mas antes que ele pudesse lançá-las em mim, os ventos sopraram fortemente as chamas que já estavam na minha frente, na direção de Flare, aumentando as chamas em suas mãos, porém, se espalhando por todo seu corpo com uma velocidade incrível. Naquela manobra as chamas atravessaram-no, atingindo Shawn, que estava atrás dele. Consequentemente, Cleo também foi incendiada com aquele ataque...

Eu soltei as pedras e corri em direção à Cleo, chutando Shawn e abraçando-a em meio às chamas... 



Continua...

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