Chronicles of The Never Ending Valley - Cap 7 A Verdade está lá fora

Este é o capítulo 7, para ler desde o princípio, clique aqui.

Existem momentos na vida, aqueles que nos fazem pensar que o melhor a se fazer é fugir e deixar tudo pra trás. Envolvido pelo medo e pela insegurança, lá estava eu, na linha de frente de batalha... cercado por numerosos inimigos, todos bem armados, se movendo como a ventania das noites de outono. Eu sabia o que deveria fazer, mas não me sentia pronto pra isso...


Como eu havia lançado a flecha sinalizadora, os inimigos perceberam que já eram aguardados e vieram rapidamente em minha direção. Durante o treinamento, eu aprendi a me mover rápida e silenciosamente por entre os arbustos, conseguindo pegar os inimigos de surpresa mesmo em uma perseguição. Mas naquele momento, eu me sentia incapaz de realizar qualquer um de meus truques. Ainda assim, com o coração frio e trêmulo, eu apelei para uma de minhas técnicas. Aproveitando a escuridão da noite e a sombra dos arbustos, lancei uma de minhas adagas em um arbusto ao sudeste, na tentativa de fazer barulho, enquanto sutilmente silenciei meus passos e me escondi em uma outra árvore ao sul.

Vieram cinco inimigos, que se confundiram com o som da adaga e foram averiguar aquela direção, porém, sua defesa era bem elaborada, de modo que, enquanto três deles me procuravam entre os arbustos, os outros dois ficavam na retaguarda prevenindo qualquer ataque surpresa. Eles eram bem diferentes dos Táureos, pareciam simples guerreiros como nós, porém, suas roupas cobriam todo o corpo em cores escuras, se camuflando na névoa da noite fria.

Mesmo sabendo que seria arriscado, ousei tentar um ataque súbito, lançando minha outra adaga na garganta do inimigo à esquerda, enquanto me movia velozmente em direção ao da direita, atingindo-o no pescoço com minha espada curva. O ataque foi certeiro, mas eu revelei minha posição, atraindo os outros três, que me cercaram em seguida, como uma formação triangular, de modo que eu não conseguiria fixar os olhos nos três ao mesmo tempo. Ainda na espera de meus amigos, pensei que pudesse suportar uma batalha por mais tempo, quando subitamente percebi que outros sete inimigos se aproximavam pelo oeste.

Meu coração disparou e a luz da lua clareava nossa localização, fazendo com que todos pudéssemos ver uns aos outros. Me restava apenas uma adaga, minha espada e um pequeno pedaço de pano com uma pequena quantidade de pólvora. Eu não poderia inventar estratégia alguma naquela posição, mesmo pensando calmamente, o terreno não era favorável à mim, exceto no ponto norte, onde estavam situados os outros sete inimigos, pois ali, havia uma rocha, onde eu possivelmente poderia usar a pólvora à meu favor. Meu pensamento estratégico foi bruscamente interrompido pelos dois inimigos mais ao sul, que me atacaram com suas cimitarras ao mesmo tempo. Sem tempo pra pensar, empunhei minha espada e, num golpe giratório pulei na direção oposta à deles, conseguindo um golpe efetivo que matou um deles, deixando o outro gravemente ferido no estômago. Eu não havia percebido, mas havia me ferido durante aquele movimento, meu ombro esquerdo tinha um corte, não muito profundo, mas que havia começado a sangrar. Aquela manobra havia me colocado mais longe da rocha, mas eu me considerava em posição favorável, pois não estava mais cercado.

Num movimento rápido estratégico, joguei a pólvora em cima da espada, e, batendo nela com a adaga, causei uma pequena explosão, o que assustou os inimigos momentaneamente, me dando espaço para outra fuga em direção ao sul. Correndo pelas sombras, eu tentava alcançar Roan e Doan, que estavam na parte sudeste. Os inimigos não perdiam meu rastro, pareciam cães farejadores e corriam bastante, embora não rápidos o suficiente para me alcançar, mas eu sabia que não poderia correr pra sempre.

Pra minha surpresa, Roan havia se rendido e Doan não estava à vista. Fiquei bastante preocupado ao ver doze inimigos ao redor de Roan, preparando para levá-lo como prisioneiro. Imediatamente comecei à correr na direção oeste, sabendo que os inimigos se aproximariam ainda mais. Wolger e Axel também foram aprisionados  e estavam com muitos ferimentos até onde pude ver. Mas continuei meu caminho, correndo ainda mais rápido, porém, mais cansado. Enquanto corria, à esquerda pude ver as torres vigia do Vilarejo Mestre, dois Táureos bêbados dormindo ao invés de vigiarem. Meu coração se encheu de ódio, o que me deu mais motivação pra correr ainda mais rápido, fazendo com que meus inimigos me perdessem de vista.

Minha última esperança era que Elch e Garret estivessem em condições de lutar ainda e corri até que me aproximei do portão norte do vilarejo. Avistei bastante fumaça no meio da floresta na direção onde eles estariam protegendo, mas eu não poderia deixar de sinalizar os Táureos que dormiam próximo ao portão. Lancei a última de minhas adagas na perna daquele imbecil que dormia no chão, enquanto continuava correndo, agora, em direção às chamas. O brutamonte deu um salto e se levantou urrando, o que incomodou os outros que estavam dentro do Vilarejo. Apesar de minha estratégia ter funcionado, a adaga era fabricada no Vilarejo, mais tarde, se sobrevivêssemos eu saberia que seria punido. Chegando perto de onde a fumaça estava saindo, avistei Garret com sua espada em chamas enquanto Elch, segurava uma tocha que produzira um enorme círculo de fogo ao redor deles. Me espantei pois agora tinha visto com meus próprios olhos, Elch era definitivamente filho de Fargus Dre, patrono das Cordilheiras Escarlate.

Ao mesmo tempo que fiquei feliz, me aproximei deles, usando uma grande árvore como apoio, saltei acima das chamas, parando suavemente ao lado deles.
- Demorou bastante hein Josh! - exclamou Garret sorrindo.
- Infelizmente a situação não é boa pra nossa equipe... - respondi enquanto preparava minha espada.
- Escutei um daqueles imbecis urrando, você conseguiu avisar ao Vilarejo? - perguntou Elch.
- Sim, lancei minha última adaga na perna de um deles, acredito que adorariam ter visto a cena. - respondi
- Imagino como foi! Mas agora é hora de pensarmos: Fugir ou Continuar lutando? - Garret perguntou um pouco aflito
- Bem, os Táureos não virão nos ajudar e, se nos aproximarmos dos portões, poderíamos ser confundidos com inimigos à essa altura. Acredito que o melhor a se fazer é...

Antes que eu pudesse concluir a idéia, fomos surpreendidos por três inimigos, que se vestiam com roupas diferentes. Eles atravessaram as densas chamas que Elch mantinha acesas e derrubaram Garret rapidamente, se dirigindo à Elch num segundo ataque combinado. O terceiro inimigo veio até mim, caminhando vagarosamente, olhando em meus olhos afirmou em voz alta:
- Encontramos ele!

Enquanto dizia aquilo, fez uma cortina de fumaça ao meu redor, que me sufocava vagarosamente.

- O que você está fazendo Higgs? Quer matá-lo? - um dos inimigos perguntou
- Tsc tsc tsc, quero ver se a caminhada valeu mesmo a pena.

Eu já estava sem fôlego pela corrida que fiz e agora, sufocado pela fumaça de Higgs. Não conseguia pensar em muita coisa, mas eu sabia que não deveria me entregar à morte tão facilmente, pois eu prometera à mim mesmo que não morreria até ver Leah novamente.

Um uivo estridente interrompe aquela bizarra manipulação de fumaça de Higgs, que sorri enquanto diz:

- Ora ora! Parece que não terei tempo de brincar com você, garoto! Prendam-no com o Anel de Syria!

O clima ficou mais frio e a lua despareceu, enquanto os inimigos colocavam em minha mão direita, um pequeno anel com inscrições em um idioma que eu desconhecera. Rapidamente me levaram até uma carruagem e taparam meu rosto com um pano que possuía um odor de maçã, que me fez adormecer rapidamente.

Ao acordar, eu estava em uma cela e não conseguia pensar direito. Com as mãos amarradas no teto e os pés presos à uma outra corda, ligada ao chão, eu não conseguia pensar direito, ainda atordoado por causa daquele pano. Pude avistar, na cela ao lado, uma garota de cabelos encaracolados e com um olhar bem profundo, aparentava estar bem zangada, olhando-me fixamente nos olhos.

- Hmpf... Não acredito que você é o verdadeiro Demi-Sylph, eles saíram nessa guerra toda atrás de você, levaram um exército inteiro e você foi capturado assim, logo por Higgs?
- Hum, com.... todo respeit.... não sei do .... quê está faland.. *coff coff
- ... Hmpf e pensar que minha mãe me fez acreditar em toda aquela baboseira sobre 'o filho de Farah" - a misteriosa garota respondeu em tom zangado
- E você é? - perguntei
- Não te interessa, logo você vai estar morto mesmo, descendente de Solomon Vahn.

Bom, aquilo não me interessava muito, eu realmente queria saber um meio de fugir dali, mas estava bem preso. Naquele momento, um guarda do inimigo veio em minha direção, entrou na cela e trouxe um prato de comida e colocando ao meu lado. Fiquei imaginando como eu comeria algo, já que estava amarrado pelas mãos e pés.

- Não acredito que você seja o verdadeiro, e estou cansado de ver outros garotos serem mortos pelas mãos de Higgs - cochichou em meus ouvidos enquanto me desamarrava - eles não tem o costume de guardar a parte de trás da prisão, já que não possui janelas e é próxima à muralha. Existe uma brecha pequena na rocha mais sobressalente, você conseguirá sair por ali. O espaço é suficiente. - prosseguiu enquanto me desamarrava os pés.
- Quem é v.. - tentei perguntar, sendo interrompido
- Shhhh eu não te conheço e nem você à mim, então vá! Simplesmente.

Naquele momento ele deixou a cela e eu fiquei pensando se realmente deveria seguir seu conselho ao mesmo tempo que pensava em retirar aquela desconhecida da cela também. Percebi que ela também estava apenas amarrada e sua cela, aberta. Fui em sua direção e a desamarrei.

- O que pretende fazer? Fugir? - perguntou
- Sim, e depois disso tudo você vai me dizer o que está acontecendo, certo? - respondi com um sorriso

Eu estava sem armas ou armadura, apenas com a calça que vestia por baixo da couraça e com os pés descalços. Atravessei a porta por onde o guarda havia entrado, segurando a mão da garota misteriosa e fugi em direção à parte de trás da prisão, conforme o guarda havia me aconselhado. Estranhei a escassez de pessoas e percebi que ninguém guardava as celas. Rapidamente localizei a saída por trás da rocha sobressalente, atravessamos a saída e logo reparei que estávamos em uma densa floresta que, de alguma forma me era familiar.

- E agora, pra onde? - perguntou a garota
- Eu gostaria que você me dissesse onde estamos, pois não faço idéia de como sair daqui.
- Você está na fronteira das Cordilheiras Escarlate, esta prisão é provisória até que te levem até Fargus, nosso patrono. Você realmente não sabe o que está se passando?
- Não faço idéia...
- Você não merece que eu te conte, fracote. Mas tem um pouco de minha consideração por não ter fugido de lá sozinho. Esta é parte oeste do Vale das Torres Celestes, você deve conhecer este lugar, já que mora nos Montes de Turquesa. Me leve à algum abrigo que possamos conversar por lá.
- Eu acho que conheço um lugar...

Ali nós caminhamos floresta adentro, tentando chegar na Província da Papoula Azul, pois havia um lugar onde poderíamos nos abrigar sem perigo, a casa de Ohtto...

...Continua

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