Chronicles of The Never Ending Valley - Cap 5 Motivos para Guerrear

Capítulo 5 - Motivos para guerrear...

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Como de costume Trilha sonora [opcional]




Já era noite outra vez e estávamos nos alojamentos. Nada nos foi dito sobre a guerra e sobre o que estava realmente acontecendo, apenas pegaram nossos nomes e locais de nascimento, para registro e provavelmente para contatar nossos pais em caso de morte, mas sequer havíamos visto Lord Ross Tardelus, o patrono de nossas terras.



- Garotos, hora de dormir, espero que tenham bons sonhos. Amanhã bem cedo estarão diante de Lord Ross. - disse um guerreiro ao apagar as tochas repentinamente.

Havíamos acabado de jantar, e realmente a comida não me caiu muito bem. Ao olhar para Elch, era notável que concordara comigo sobre a comida, pois ambos estávamos indispostos.

Minha cama ficava ao lado de Elch e bem próximo da janela daquele alojamento, o que foi minha sorte, pois o cheiro dos outros aldeões era realmente insuportável. Da minha cama era possível ver o glorioso céu, suas estrelas e nebulosas. A lua estava tão nítida que sentia poder tocá-la com as mãos.

- Ei, psiu... vocês dois. Não perceberam nada de errado com a comida? - sussurrou um certo rapaz da cama mais ao canto da parede.
- Aposto que nos deram comida estragada, realmente meu estômago está ruindo por dentro... - respondeu Elch, com um tom um pouco zangado

Fiquei em silêncio e deixei ignorei a conversa que se iniciara, afinal, não havia muito a se fazer a respeito da comida. "Se for algum tipo de veneno, certamente não teria mais jeito, estamos condenados..." pensei, adormecendo após alguns minutos.

- FOOOOOGOOOO!!!
- Vocês quatro, venham comigo...
- EEEEI Subam depressa e levem Lord Ross!!!
- Alguém acorde os garotos e lhes dêem armas, rápido...
- Sim senhor! Vocês dois peguem as armas e me encontrem no alojamento.

Acordei com essa gritaria estranha, sem saber o que estava acontecendo, mas havia cheiro de fumaça, sons de metais se batendo, cavalos correndo, pessoas gritando, um alvoroço total e, para o meu espanto, apenas eu estava acordado. Não sei como todos eles dormiam com aquela confusão toda, mas eu sentia que deveria estar preparado para o que viesse à acontecer.

- ACOORDEEM! TODOS VOCÊS! SE PREPAREM PARA LUTAR! O INIMIGO CHEGOU! - um guerreiro entrou em nosso alojamento e, enquanto gritava esta ordem, derrubava todos de suas camas.

Para nossa surpresa, alguns dos aldeões estavam paralisados, caiam no chão como pedra e ali ficavam, imóveis. Espantado, o guerreiro começou a empurrar todos, um a um, na tentativa de encontrar alguém vivo.

Subitamente comecei a fazer o mesmo, iniciando com Elch e o outro rapaz desconhecido, com quem Elch conversara na noite anterior. Os dois caíram de suas camas... a tensão era grande, pois estavam imóveis também. Eu comecei a perder a calma, agitei-os bruscamente, na tentativa de que eles se movessem.

De repente, ao tocar Elch e balançá-lo violentamente, minhas mãos se aqueceram como se fossem se incendiar, o calor tocava tudo ao meu redor e então "Coff Coff... Josh.... ua... o qu... está.. havendo?". Não respondi, pois também não sabia o que houve, e fiquei, de certo modo, feliz em saber que Elch não havia morrido.

- Huan... como ele está? - disse Elch, apontando para o outro rapaz que eu derrubara

Tentei balançá-lo do mesmo modo que fiz com Elch, ele parecia bem gelado. Minhas mãos continuavam quentes e a atmosfera de calor ao meu redor apenas se intensificava. Empurrei-lo, gritei seu nome e então, como mágica, ele se levantou rapidamente, tossindo e ofegante, como um alguém que acaba de se recuperar de um afogamento "Joshua... n. n.. não temos tempo a perder... Elch, não se separe, tudo vai acabar bem..."

Ao ouvir isso, Elch se levantou sem perguntar e nos colocamos de prontidão. Para mim, aquelas eram palavras estranhas, pois ele agia como se tivesse recebido uma visão em sonho e estivesse pronto para encará-la com todas as forças.

Outros dois guerreiros chegam com um baú de armas, mas, para surpresa deles, apenas nós três e outros quatro aldeões estavam de pé. Naquele momento, fomos lecionados brevemente sobre nossos aliados, disseram-nos apenas "Há uma guerra lá fora, façam o que tiverem que fazer para derrotar aqueles que vestem as cores branca e púrpura, são nossos inimigos. Lembrem-se, vocês lutam por Lord Ross. Atentem para Lian e sigam suas ordens. Isso é tudo, agora escolham suas armas."

Abriram o baú, lotado de armas de todos os tipos e tamanhos. Arcos e flechas, espadas, punhais, adagas, bastões, lanças, escudos, tudo aquilo que possa servir de arma e proteção. Elch e Huan logo perceberam que não se tratava de uma brincadeira, procuraram as armas que lhes eram mais confortáveis e fáceis de utilizar, enquanto eu, pensativo, não tocava no baú.

- ANDEM LOGO! UMA GUERRA ESTÁ ACONTECENDO LÁ FORA! - gritou um dos guerreiros
- Ordem de Lian, levem os garotos para o andar superior da torre central, Lord Ross precisa ser removido em segurança. - ordenou um outro guerreiro que acabara de entrar no alojamento.
- Todos vocês ouviram, se aprontem logo e vamos defender nosso Patrono.

Rapidamente olhei dentro do baú para escolher algum tipo de arma e percebi que, não havia tempo de testar alguma, apenas pegar e sair para defender nosso Patrono. Olhei, olhei, pensei... avistei uma espada curvada, com detalhes dourados e pretos em sua bainha. Peguei sem pestanejar, ao mesmo tempo que ouvia a ordem do guerreiro à nossa frente, para formarmos uma fila dupla, onde o nós defenderíamos o nosso companheiro e ele a nós. O da direita defenderia o da esquerda e não a si mesmo, enquanto o da esquerda faria o mesmo.

Como demorei a escolher minha arma, fui colocado ao final da fila, logo atrás de Elch e Huan, ao lado de um aldeão chamado Axel. Eu segurava uma espada longa e curvada, enquanto Axel, um bastão de metal pesado, com lãminas nas duas extremidades. Elch estava com duas manoplas pesadas em seus punhos, com lãminas nas laterais externas, enquanto Huan havia pego uma grande e pesada espada.

A fila dupla estava completa, éramos sete e o primeiro, fez dupla com um guerreiro veterano. Saímos do alojamento para o campo central do vilarejo. Ao nosso redor, muito sangue, como jamais eu havia visto, vários corpos espalhados pelo chão, enquanto outros guerreiros lutavam com os inimigos, os de púrpura e branco. Naquele momento, todos nós, aldeões, ficamos trêmulos. Jamais havíamos sentido tando medo em nossas vidas. E uma pergunta não se calava em nossos corações: Por quê deveríamos guerrear?

- Garotos! Vocês agora são guerreiros! Preparem-se para proteger Lord Ross! - gritou Lian no topo da torre central.

Imediatamente ficamos em volta da torre, enquanto vários inimigos se aproximavam em todas as direções. "Posição de batalha, isso é diferente do treinamento, mas não completamente" - pensei enquanto empunhava a espada firmemente. Todos os aldeões também fizeram o mesmo com suas armas.

- Lutem pelas suas terras e pelo que vocês têm! Não deixe que eles tomem de vocês! - ouvimos uma voz desconhecida gritando
- Lord Ross! - exclamou um dos guerreiros
- Deixem Lord Ross no centro e protejam as extremidades! Vocês dois! - Lian se referia à mim e Axel - Protejam a  retaguarda, não deixem uma mosca se aproximar de Lord Ross, entenderam?
- Sim senhor! - respondemos quase em coro

Em meio à tantas dúvidas, pensamentos e medos, pensávamos apenas em lutar, sem saber por que ou para que lutávamos. Em meu coração, mesmo durante aquela luta sangrenta, eu tinha apenas uma convicção: Sobreviver para encontrar minha família e Leah, as únicas pessoas que eu amava verdadeiramente. Talvez isso fosse realmente um motivo para se guerrear, mas meus inimigos não estavam atrás de minha família ou de Leah. Eu sequer sabia quem eram estes inimigos ou o que queriam, mas de uma coisa eu estava certo, minha vida, eles não iriam tirar de mim. Naquela manhã, lutamos bravamente e eu não consigo me lembrar ao certo, como sobrevivemos, pois todas as vezes que penso naquele dia, me lembro de uma imensa mancha vermelha, que cobria nossas armas e nossas vestes. Um sangue derramado sem motivos, sem precedentes... apenas gosto de pensar que sobrevivemos graças à sorte... se é que existe sorte.

Não há como dizer se vencemos, mas, para mim, estar de pé em um campo de batalha já é uma vitória, e isto, nós conseguimos fazer. Lord Ross à salvo, e todos nós com vários ferimentos, mas de pé. Agora, só nos restava as respostas de Ross, para nos dizer quais os motivos da guerra e quem eram os inimigos... Trêmulos, com sangue em nossas mãos, havíamos acabado de matar muitas pessoas, que possuíam família e um ideal pra viver... por que isso teve que acontecer?


Fim do capítulo 5

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